domingo, 21 de março de 2010

Seja o que for, seja por amor às causas perdidas

Depois da euforia por passar no Vestibular - o obstáculo mais instransponível que eu conhecia - e dos primeiros dias de magia por estar na faculdade, a ficha começa a cair. E o primeiro pensamento foi: Putz, cresci!
Apesar de sonhar com independência, não posso negar a angústia que encarar a "vida real" me causa. E se eu não viver sorrindo para exibir minha felicidade consumível? E se não arranjar um emprego no qual ganhe, por mês, o que muitos não recebem a vida toda? E se não tiver casa, filhos e carro na garagem?
Parece que se chega a uma etapa em que todos devem agir uniformemente, levando as mesmas insossas vidas - variando, apenas, os personagens -. Dedicar a vida a outra coisa que não seja exibir o filho, campeão em suas múltiplas atividades extra-curriculares, como troféu é absurdo, porque a ordem é não se importar com mais nada que não seja si mesmo e os entes queridos. Este é um dos poucos momentos em que penso em colocar uma criança no mundo, só para me juntar aos que educam os seus na contramão.
O fato é que, como não deve ser difícil de perceber, sou uma criatura atípica. Não quero ter uma mansão, ostentar três carros na garagem ou viver "feliz". Segundo alguns, penso pequeno, porque poderia enriquecer e ser bem sucedida, como se fossem sinônimos. O que chamam de sucesso, chamo de amarras. E sinto - na verdade, não tenho remorso algum por isso - desapontar os que crêem que tudo é monetarizável, mas meu sucesso não é rentável, pois não quero fazer mais do que o dever de cada um: lutar contra a injustiça e desigualdade reinante, reanimando-me cotidianamente, por mais desestimulante que seja a realidade. Quem sabe se, com um pouco de amor, as causas perdidas não voltam a ser possíveis?

terça-feira, 9 de março de 2010

Sujeira pra todo lado!



Vivemos em um país tão pitoresco que nos espantamos quando a lei é cumprida. A última surpresa foi ver o habeas corpus de Arruda ser negado, além da permissão para reabrir a Operação Satiagraha.
Há uma inversão de valores tão absurda que parece errado ser honesto ou pensar em alguém que não seja você mesmo - e nos (poucos) entes queridos -. Falando em favorecimentos, no mínimo, obscuros, é curioso como se costuma tratar o bem público como particular, mas na hora de arcar com as consequências, a maioria foge. Seria interessante se os que assaltam os cofres do Estado pensassem nelas antes de fazê-lo, mas pedir que saiam de suas confortáveis posturas é demais, embora não seja mais que a obrigação deles.
É impossível não sentir a esperança renascendo ao deparar as notícias indicando certa mudança. Espero que não seja como o Mito de Sísifo, no qual o protagonista quase chegou ao topo de uma montanha carregando uma pedra e ela desaba em cima dele. Que não tenhamos, novamente, os sonhos esmagados.