quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Todo mundo é eterno

Passeando pela internet, deparo uma festa de declarações de amor, amizade e sentimentos do gênero para pessoas conhecidas há uma semana. Não que eu ache impossível criar um forte vínculo com alguém em pouco tempo, só que é demais para minha inteligência acreditar que se faz isso tão constantemente.
Talvez pela minha reserva, limitando até as demonstrações públicas de afeto, não entendo como se pode "amar" tanta gente em tão pouco tempo. Até compreendo os pré-adolescentes, já que eles necessitam afirmar-se, mas pessoas, teoricamente, maduras com tais atitudes é um pouco estranho.
Tenho a sensação de que, quanto mais esse carinho todo é externado virtualmente, menos ele é realmente sentido. Uma das desvantagens da era digital é afastar as pessoas dando a impressão de que elas estão próximas, e os mais novos já nasceram imersos em tudo isso, encarando a distância com normalidade, afinal, não conhecem algo diferente.
Temo que terminemos presos a uma cadeira e escravos do controle remoto, sem saber o que é um abraço, se não o emoticon do MSN.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

A minha alma tá armada



Quando penso que já inventaram todo tipo de propaganda, algumas chegando a ser nojentas, eis que escuto no rádio uma que, se não supera as piores conhecidas por mim, chega perto. Começa com uma música falando em casa com varanda, até que a suave melodia é cortada por uma mulher falando que aquilo é lindo na ilusão, mas impossível na vida real, por isso, sua moradia necessita dos mil apetrechos de "segurança" oferecidos. O pior, nem poetizar o cotidiano é permitido, porque a verdade cruel vai e lhe arranca do devaneio.
Em vez de a sociedade tornar-se mais segura porque está evoluindo, o importante parece ser que seu espaço esteja protegido de uma invasão dos menos favorecidos. Justiça? Esta é uma utopia que só existe na cabeça dos idealistas, românticos e desocupados. E, de fato, que grande contra-senso é preocupar-se com a pessoa ao lado quando um muro de 5 metros de altura separa a realidade dela da sua.
Às voltas com o aniversário da queda do Muro de Berlim, uma das lições que pode ser tirada dela é que, para que os paredões sejam desnecessários e as cercas elétricas dispensadas, é preciso, primeiro, demolir a murada mental que tapa a visão de muitos.

domingo, 1 de novembro de 2009

Vida inteligente(?)


Acabei de assistir ao novo filme do circuito comercial que traz a vida alienígena como foco. Ao contrário do lugar comum, que sempre esbarra nas idéias prontas, Distrito 9 faz críticas interessantíssimas, a começar pelo lugar onde se passa, na África do Sul.
A primeira delas é que os aliens, ao invés de invadirem a Terra, têm sua nave "explorada" pelos humanos, naquele modelo bem conhecido, sem pedir a menor licença. Como os extraterrestres estão subnutridos, a benevolente humanidade os resgata e os joga em um espaço militarizado que, futuramente, formará uma favela, submetendo-os a todo tipo de abuso. Alguma relação com a política intervencionista das grandes potências?
Outro ponto curioso é o tratamento dado a eles que, mesmo confinados e com péssimas condições de vida, ainda são tratados como culpados quando se revoltam. Sou obrigada a lembrar da nossa grande mídia que, com toda a sua alegada imparcialidade, comunga com os privilégios dos poderosos e estes, contando com tal apoio, só administram a situação. E o pior, parece que levantar a voz contra isso é coisa de outro mundo.

"Os grandes só são grandes porque estamos de joelhos. Levantemo-nos."