sexta-feira, 21 de junho de 2013
algumas impressões em relação ao despertar repentino do gigante
junto da ausência de pautas, o autoritarismo que vem aparecendo é bem questionável. não compro a ideia de golpe porque acho que a conjuntura não permite, mas certo tom antidemocrático nas manifestações é evidente. e nem vou entrar na questão do vandalismo, porque pode recair num moralismo que alguns setores da cobertura jornalística já estão adotando, ao enquadrar o que é ou não um manifestante "de bem", por assim dizer.
por fim, acho interessante ver o pessoal na rua e, com sorte, a criação de uma cultura política de exigir os direitos e tomar consciência de que os assuntos públicos também dizem respeito a cada um de nós - é, consigo ser otimista de vez em quando. mas acho também que ocupar a rua ou prédios públicos é pouco, e se for pra descambar pra autoritarismo e pra defesa de pautas conservadoras, não consigo ser tão otimista em relação aos benefícios de termos a sociedade civil na rua. nesse caso, era melhor o gigante voltar a dormir.
terça-feira, 8 de maio de 2012
Política do abandono
Enquanto se fala em revitalização da Praia de Iracema, com a reforma do calçadão e de alguns equipamentos do lugar, além da construção do Acquario do Ceará, parece que o equipamento fica esquecido. É certo que a ligação do Dragão do Mar com seu entorno sempre foi conflituosa. A população das comunidades vizinhas parece não se reconhecer no Centro Cultural, e a própria programação não é mais tão atrativa como foi na época em que o Dragão não era um espaço só de difusão cultural, mas também formador e produtor de artistas.
O criador do projeto que deu origem ao Dragão do Mar, Paulo Linhares, disse que a ideia era que, antes de tudo, houvesse espaço para formação de artistas e incentivo à criação, e é isso tudo que não existe no equipamento atualmente. A maioria das atrações, hoje, está nos arredores, ligados à indústria do entretenimento. A ausência de políticas culturais para o Dragão do Mar é um contrassenso, pois ocorre no momento em que um Centro Cultural da Caixa Econômica será inaugurado em frente a ele. Os dois centros se completariam, e alguns dos problemas que atingem a área, como a violência, poderiam ser minimizados com o aumento do fluxo de pessoas e do efetivo policial.
O descuido do Governo para com o Dragão do Mar é visível até fisicamente. A Praça Verde, que não tem mais grama, é um exemplo. As pedras soltas na Praça Rogaciano Leite Filho também. A pintura descascando atesta que o espaço precisa de um pouco mais de atenção. O pior é que a direção do lugar age como se não tivesse explicações para dar, como se o Dragão estivesse funcionando sem problemas. É bom lembrar que se trata de um equipamento singular no Ceará, com 30 mil metros quadrados dedicados – teoricamente – à cultura.
O descaso do Governo do Estado com a Secretaria da Cultura (Secult) também pode ter contribuído para a situação do Dragão. Por não ser política pública – e sim fazer parte do projeto de uma gestão –, ser subordinado a um governador como Cid Gomes pode ser fatal para o Centro Cultural. E se a própria Secult passou meses sem comandante efetivo, imagine como são tratados os equipamentos que dependem dela para acontecer.
O Governo do Estado não pensa cultura como política pública a ser fomentada para elevação do nível intelectual do cearense. Para nossos mandatários, o lucro precisa ser imediato, e necessariamente monetário, o que nem sempre a produção cultural conseguirá proporcionar. O Governador, que parece frequentar apenas espetáculos megalomaníacos no exterior – para tentar fazer uma versão tupiniquim –, pensa que basta colocar um chapéu de engenheiro para resolver todas as necessidades da população, até as imateriais.
Não podem ser esquecidas, no entanto, outras carências que temos, impossíveis de serem supridas com grandes obras. São carências no campo da formação educacional e cultural, e elas só serão resolvidas com uma política efetiva de fomento à cultura. Não nos contentemos com as migalhas oferecidas, pois elas só enganam nossa fome. E de paliativos estamos fartos.
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Entrevista com Juca Ferreira
Juca Ferreira é sociólogo, Embaixador Especial da Secretaria Geral Iberoamericana (SEGIB) e ex-Ministro da Cultura. Sua gestão no MinC deu continuidade à política iniciada por Gilberto Gil, que deixou o cargo em agosto de 2008. “Mesmo nas melhores famílias políticas, se dá muito pouco valor à dimensão cultural. É como se fosse suficiente botar um pouco mais de dinheiro no bolso das pessoas e pronto. E a gente acha que não”, afirmou Juca.
A cultura como elemento essencial à vida das pessoas foi uma das dimensões trabalhadas enquanto o sociólogo era Ministro da Cultura. Uma das prioridades era a Reforma na Lei de Direitos Autorais. “É preciso modernizar essa lei. É uma lei extremamente rigorosa, que não protege o autor, que não facilita o acesso”, disse Juca.
No final de 2010, após seis anos de debate, o texto da reforma na lei foi concluído. Quando assumiu o Ministério da Cultura, em 2011, Ana de Hollanda afirmou que seria necessário rever tudo acerca da mudança. Ela afirmou, em entrevista à revista Carta Capital, em março, que parece haver uma campanha para satanizar o autor. “É, na verdade, uma lógica burra. Pouco se lê no Brasil, por exemplo. É 1,7 livro per capita/ano. Se isso continuar assim, não há mercado. Então, não há direito autoral”, explicou o sociólogo.
Confira a entrevista aqui!
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
Continua lindo (?)
Dos dias que passei no Rio, algumas coisas me encantaram particularmente. A beleza dispensa comentários. Fiquei encantada com a vida cultural e com como as pessoas ocupam as ruas. Fiquei surpresa quando vi um bairro nobre como Copacabana com as pessoas na rua à noite como se estivessem no centro, uma coisa inimaginável para nossa provinciana Aldeota. Do terror que a Globo noticia, não vi nada. Pelo contrário, me senti bem mais segura andando pelas ruas do Rio que passeando por Fortaleza, uma vez que até as calçadas são mais favoráveis ao pedestre.
Quanto à vida cultural, não preciso nem falar dos teatros e da abundância de opções. Mas o que me deixou apaixonada mesmo foi a salinha de cinema abaixo.
O Cine Joia é daquelas coisas que deveria ter em qualquer cidade. Um cinema de rua, especializado em filmes que estão fora do circuito comercial. Assisti a um belíssimo lá, que recomendo a qualquer um: Hanami - Cerejeiras em flor. Acostumada a só ter cinemas em shoppings, fiquei muito feliz de estar em um lugar que os cinemas estão na rua, e não se consome só blockbusters.
Algumas semanas depois, veio um encontro com a explicação de algumas coisas. Marcelo Freixo, em sua palestra, explicou bastante sobre as milícias e o crime organizado, e tive certeza que a realidade no morro não é a mesma da zona sul. É muito curioso que a criminalidade se concentre no morro e seja tão difícil de ser combatida. Alguém está ganhando bastante com isso, e aí o deputado mostrou a importância da ação do caveirão e do BOPE no trabalho das milícias.
Fiquei, ainda, bastante atiçada pela provocação que ele fez: colocar o caveirão, num domingo a tarde, na Av. Vieira Souto, com seu alto-falante ligado. Ou será que os criminosos estão apenas na favela?
sexta-feira, 20 de maio de 2011
Do humor
domingo, 1 de maio de 2011
Impressões de uma vermelha no coração do capitalismo
O próximo parque era o Magic Kingdom. Ah, seu encantamento, suas princesas, seu calor, seus brinquedos bestinhas... Embora muito bonito, não vale o cansaço. Não dá para visitar a Disney sem conhecê-lo, mas eu pensaria três vezes antes de ir de novo. Pro pessoal de Fortaleza, o show de fogos do reveillon não deixa a desejar quanto ao de lá. A diferença que você vê quando a iniciativa privada tem interesses é que o Magic Kingdom tem um VLT e barcos próprios. Os funcionários são muito atenciosos e simpáticos, mas lembro de ter visto poucos negros no local. Lembrei também da política de intercâmbio na Disney, na qual você acaba pagando para trabalhar, e me soa muito sem sentido algo assim, principalmente para um universitário, que é o alvo do projeto.