sábado, 6 de junho de 2009

Perca um livro

De início, havia o receio. Abrir mão de seus livros em prol de qualquer um não era uma idéia que lhe agradasse. Ao mesmo tempo, se sentia como um daqueles intelectuais que tanto criticava, aqueles que parecem querer monopolizar o conhecimento e privatizá-lo como propriedade sua. Logo ela, que rejeitava a propriedade privada.
Resolveu, então, aceitar a proposta. Entrou no site, cadastrou o livro e o deixou na prateleira, só esperando sua próxima ida ao supermercado que possuía parada de ônibus com abrigo em frente. Até o local em que ia colocar seu tesouro era meticulosamente pensado, afinal, sentia-se compartilhando parte de si. Ainda tomou o cuidado de escrever um texto explicativo para que quem não tivesse acesso a internet não se sentisse excluído.
Após algumas semanas, veio a necessidade de ir ao supermercado. Ao passar pelo ponto de ônibus, não havia lugar para colocar o livro como planejado. Colocou, então, em cima do lixeiro e foi as compras. Enquanto estava lá, só pensava em quem poderia ter pegado o livro.
Quando saiu, não avistou-o mais no local. Foi se aproximando e viu uma mulher com expressão satisfeita, parecendo folhear algo. Discretamente, passou ao seu lado e notou que o objeto folheado era o seu (ou não mais, não importava) livro.
Subitamente, foi tomada por satisfação e sentiu que o seu conhecimento estava sendo útil. Experimentou do que um amigo, na sua simplicidade, falava sobre inteligência (usá-la para o bem comum) e viu que era verdade quando ele afirmava que quem recebe a maior recompensa é você mesmo, pois fazia tempo que não sentia tanta vitalidade e esperança.
Já não importava quem era a mulher, ou se ela daria continuidade à campanha. O que a menina sabia era que precisava fazer valer todo seu esclarecimento e, para isso, teria que dividi-lo.

Site da campanha: http://www.livr.us/

3 comentários:

  1. Oi Camila!

    Você não me conhece, mas tomei a liberdade de vir comentar no seu blog quando vi uma relação entre você e o Aluisio, seu professor. Estudei no CSC durante muitos anos e também mantive um blog e uma boa amizade com a figura mencionada. Senti uma identificação enquanto lia o que você escreve, e consegui ver em você um pouco do que eu fui e ainda sou.
    Você escreve bem, parece ser talentosa, participa do Diga Lá(né?) e tem indignações e anseios semelhantes aos meus. Enfim, bem-vinda ao time. Não que eu seja uma exímia escritora cheia de talento, mas participei do Diga Lá e admito já ter sonhado em escrever um livro. Enfim, o comentário tem como intuito principal te parabenizar e te incentivar a não abandonar o blog. Tenta mantê-lo, quanto mais tempo você continuar com ele no ar, mais credibilidade sua palavra vai ter, e isso pode ganhar força, principalmente nessa nossa era digital. Existem muitos jovens como você, como nós.
    Abração, parabéns,

    Anna Cavalcanti
    (jotelog.de/jornalintimo)
    [o meu está meio abandonado) :p

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  2. A respeito do post, lembrei de uma frase:

    "um livro tem vida própria"
    isso foi um incentivo a não me apegar tanto a eles depois de lê-los e procurar repassá-los.
    :)

    meu email:
    annaccavalcanti@hotmail.com
    (caso você decida manter contato)

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  3. Fantastico, vou participar e disseminar essa ideia, com certeza, aos meus amigos. Muito bom, parabéns.

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