sexta-feira, 29 de maio de 2009

As flores de plástico não morrem.


Na nossa sociedade capenga, que se preocupa demais com o prazer instantâneo em detrimento da humanidade, há uma preocupação demasiada em não se ferir, levando a um hermetismo emocional. Não se sente o problema do outro, não há interesse em romper a bolha que rodeia a vida de muitos.
Comprando alternativismo na Renner, consciência ambiental com uma Coca-Cola e mantendo relações virtualmente, estamos protegidos. Para que se expor a mais que isso, saindo do perímetro seguro? As ruas são perigosas, os ônibus estão lotados de marginais e não devemos falar com estranhos. Pode ser uma realidade exagerada, orwelliana até, mas é necessário que nos precavamos para não chegarmos até tamanho absurdo.
Recordo-me de uma música dos Titãs que diz: As flores de plástico não morrem. Visto cruamente, seria uma grande vantagem possuí-las, já que somos fascinados pela imortalidade. Devo lembrar, no entanto, que as flores de plástico são artificiais e sem brilho próprio. Qualquer semelhança com muitas pessoas atuais não é mera coincidência.

Um comentário:

  1. bonitinha, mas vagabunda30 de maio de 2009 às 22:26

    Esse hermetismo emocional não é propriamente algo da nossa sociedade. As pessoas, mesmo mantendo relacionamentos, tendem a ser cautelosas e impessoais na maior parte do tempo, seja por ter medo de se iludir com as pessoas, por ter preguiça, preconceito etc. O que acontece é que isso ficou muito acentuado e bizarro, porque agora nós nos comunicamos o tempo todo,msn, orkut,twitter, o diabo a quatro. Aí a sociedade aprendeu a ter um monte de amigos e relações, mas não desenvolveu a capacidade de lidar sequer com a família... é que nem Proust. O cara escrevia pra Deus e o mundo, parecia ser o homem mais popular da terra... mas ele fazia isso (de acordo com ele mesmo) pra afastar as pessoas, porque não queria (ou não sabia) ter ninguém muito próximo. As pessoas que tem 900 amigos no orkut são, que irônico, equivalentes ao brilhante escritor.

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