sexta-feira, 14 de maio de 2010

Por um pouco mais de utopia



Não é preciso muita coisa para me fazer ter saudades do que não vivi nos anos 60/70. Mas o documentário Utopia e Barbárie reacendeu a esperança no porvir, por causa dos elementos que traz.
O filme, que começa com sobreviventes da bomba atômica contando uma das maiores barbaridades já cometidas pelo homem, chega até os dias atuais sem, ao contrário do que vemos com frequência, execrar a juventude do Século XXI, como se fôssemos homogêneos e alienados. Embora eu tenha muitas críticas a fazer sobre minha geração, ressalvas necessitam ser feitas, porque entregar os pontos logo de cara é conveniente demais para ser aceito tão facilmente.
Existem algumas partes especialmente emocionantes, como as cenas de conflitos em 68, as do Chile após a eleição e após o assassinato de Salvador Allende, sem contar as entrevistas. Uma das sobreviventes japonesas da Segunda Guerra, que citei anteriormente, disse que nunca esqueceu a mãe que ninava uma criança sem cabeça logo que a bomba explodiu e devastou grande parte da população da cidade, para não falar do que não se apaga.
Apesar dos diversos elementos que destaquei, o que achei mais fantástico foi a vontade de fazer história - e de, como diz Augusto Boal, viver em sociedade, não apenas vegetar nela - quando terminei de assistir a película, que demorou 19 anos para ser produzida. Infelizmente, o que encontrei, ao deixar a sala de exibição, foi a aridez cotidiana. Entretanto, como a beleza também está nos olhos de quem vê, injeções de ânimo como essas servem para enxergamos o mundo com brilho - e nos dar força para refleti-lo na realidade -.

4 comentários:

  1. Eu compreendo o significado do teu sentimento após assistir trechos de pura e verdadeira história. E o mais intenso e inusitado nesse ato é ter esperança, é acreditar... apesar da fria e alienada realidade. Continue emocionando-se E ACREDITANDO SEMPRE!

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  2. Ainda não vi o filme (pretendo fazê-lo segunda-feira), depois que assisti-lo pretendo escrever sobre ele...

    Quanto às opiniões sobre a juventude dos dias de hoje, tem um texto do Diego que eu "assino embaixo": http://pensamentosdomal.blogspot.com/2007/01/filhos-da-razo.html

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  3. Querida Camila.

    As vezes parecemos estranhos
    por acreditar no justo,
    ou nos ideais,
    ou nas idéias.
    Mas com o tempo aprendemos que somos humanos.
    Que não vegetamos.
    Que somos Gente,
    e gente de forma plena.

    Uma linda semana para ti.

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  4. saravá! é minha velha, não estamos sós, que bom. por mais criticável que seja a nossa geração, há casos isolados que demonstram consiciência, força de vontade e individualidade. mas eles são, como já disse, isolados. é assim que eu me sinto, pelo menos, por mais amigos do gênero que eu faça, e acho que é assim que eles se sentem... sós, coisas raras, bichos estranhos, visitantes equivocados vindos de teóricos anos 60/70 nesse bravo novo mundo... bem, é isso. é bom estar de volta.

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