terça-feira, 15 de junho de 2010

O dia em que o Brasil parou

Jurei para mim mesma que, nesta Copa, ia tentar ser mais tolerante e internalizar minha falta de apreço pela Seleção Brasileira. O plano vai até indo bem, estou aproveitando que gosto de futebol para acompanhar alguns jogos, mas hoje foi demais. Vou logo deixar claro: o que me incomoda não é o fato da competição em si, mas do que dela decorre. Parece que o mundo pára para viver algo que se transformou em negócio, puro e simples negócio. Tanto é que o que constatei nos jogos que vi - uma boa parte -, foi apelação pra retranca e covardia. Jogo bonito que é bom, pouquíssimo. Sem contar a polêmica por conta da bola, com uma mão toda dos patrocinadores, certamente.
Voltando ao que me fez abrir uma exceção no meu silêncio patriótico: as notícias. Quando fui ver as novidades do mundo após o jogo do Brasil, eis que deparo toda a página repleta de comentários e fatos sobre a Copa, como se o único acontecimento importante fosse esse. Impossível não fazer a conexão com Bourdieu e seu "Sobre a Televisão", no qual ele fala sobre a prioridade que a grande mídia dá ao que não tem tanta relevância assim, nem causa polêmica, os chamados fatos-ônibus, que agregam todo mundo e ocupam o espaço do que realmente informa. Engraçado que bastava descer a barra de rolagem e encontrar notícias sobre o aumento da aposentadoria, sobre a Coréia do Norte ameaçando a ONU e o mundo e sobre o vazamento de petróleo nos EUA. Até onde imagino, qualquer um desses acontecimentos afetaria muito mais a vida de qualquer ser humano que o resultado de uma partida de futebol.
A diversão é fundamental, mas, se vira circo, começa a ser perigosa - e não é um perigo que beneficie a maioria.

3 comentários:

  1. Por falar nisso... Já que tem "circensis", por que não tem também "panis" pra todo mundo?
    Acho que a velha estratégia agora tá dando certo mesmo estando pela metade... /MEDO 0_0'

    *E enquanto isso no País das Baboseiras...
    "VOA, CANARINHO, VOA!"

    ResponderExcluir
  2. Tenho a mesma impressão, de que paramos para assistir a um mero negócio... Os jogos estão de dar sono!

    E em 2014 é aqui, e vai apenas servir de fachada para meterem a mão em muita grana (e promoverem verdadeiros descalabros em muitas cidades)... Sem contar que em 2016 ainda tem a Olimpíada (que mesmo sendo só no Rio, será paga por todo o Brasil).

    Espero estar errado, mas o Brasil de 2020 poderá ser bem mais caótico do que a Grécia de 2010 (que quebrou, em parte, por causa dos gastos com a Olimpíada de 2004).

    ResponderExcluir
  3. nossa, isso é exatamente o que eu pensei durante essa copa... E fiquei realmente com raiva do mundo inteiro PARAR pra ver uma coisa tão irrelevante quanto um jogo de futebol, e de as pessoas só comentarem sobre isso 24 horas por dia como se realmente fosse alguma coisa que tem alguma consequência na vida de alguém

    ResponderExcluir