sexta-feira, 9 de julho de 2010

Lugar de mulher

As inúmeras informações sobre o caso do assassinato da amante do goleiro Bruno me enojaram como há muito tempo não acontecia. Não apenas pela brutalidade do acontecido, mas pelas declarações feitas anteriormente pelo próprio jogador, que julga ser aceitável, e até usual, bater em mulheres, escancarando muito do machismo que ainda sobrevive no Brasil.
Há uma coisa que me inquieta muito ao ver toda essa exploração em cima da história: o fato de muitas outras mulheres sofrerem abusos cotidianamente e tudo ser encarado como ordem natural das coisas, sem espanto nenhum. A Lei Maria da Penha está aí, as delegacias especiais, também, mas os crimes continuam sem punição. Parece até que a culpa de ser abusada é da própria mulher, principalmente, em localidades mais interioranas, nas quais o patriarcalismo ainda é bem forte.
Fico preocupada com o quanto essas questões, mais sérias que o caso em si - já transformado em show de horror e de espetacularização pela mídia -, são deixadas de lado, como se não influenciassem ou não existissem. Já ouvi quem dissesse até que a moça era prostituta, buscando uma justificativa para o crime. O pior é que falar em Direitos Humanos quando ainda nos encontramos em um estágio animalesco chega a ser inusitado.

8 comentários:

  1. O problema maior é tentar resolver isso se a própria mulher muitas vezes prefere apanhar do homem ao denunciar. O segundo problema maior é que grande parte não vai não só por medo ou receio (porque ama), mas porque pensa que não vai adiantar. A lei funciona? Às vezes. A Eliza foi encontrar o goleiro porque ia demorar praticamente um ano para ela resolver isso só na justiça. Ela só tava com pressa e esperança de resolver logo. Se ela é prostituta ou não isso era problema dela. Não justifica assassinato nenhum. Quem procurou ela foi ele. Daí a gente vê a ganância do ser humano. O cara ganhava 200 mil reais por mês e estava negando uma simples pensão e um apartamento pro próprio filho. Pior pra ele, agora.

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  2. cara, essa super exposição feita pela mídia de qualquer crime mais chocante é um saco. no começo até se entende (..), vá lá, mas são notícias que se arrastam por semanas (e até meses, no caso Isabela, por exemplo) até que finalmente o crime seja uma chacota, uma piada, uma fábula ou sei lá o quê. perde-se a noção do ser humano, do quão triste é aquilo, para simplesmente torcer pelo mocinho ou pelo fuzilamento de alguém. mas, falando em super exposição da mídia, cadê o dono do Marinas, evaporou? sei não Brasil, até na hora de ser sensacionalista a segregação social fala mais alto... essa Índia disfarçada

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  3. Sem contar que, no caso do dono do Marina's, a nota que saiu no jornal foi quase com um pedido de desculpas junto. Bem brasileiro, não?

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  4. O "caso Bruno" explicita bem não só o machismo ainda muito presente, como a própria sensação de que a impunidade impera no país: a expressão do rosto do Bruno não era de revolta (caso fosse inocente), nem de resignação, mas sim de surpresa, como se não esperasse ser descoberto.

    E temos também o caso do estupro da menina em Florianópolis, em que o guri se vangloriava no Orkut, justamente por achar que a estupidez que o amigo e ele fizeram nunca seria descoberta, que nunca haveria punição...

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  5. Pior que o caso de Florianópolis ainda é acobertado pela mídia, já que o pai do menino é um dos donos da RBS.

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  6. Bah, na hora que postei o comentário esqueci desse detalhe, que também explica bastante a atitude do guri.

    A Record tá se aproveitando, claro. Mas também não é "flor que se cheire"...

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  7. Querida Camila.

    Este caso é apenas mais um
    entre tantos que surgirão,
    em um tipo de sociedade que privilegia
    o possuir, e engrandece pessoas vazias.
    Assim produzimos verdadeiras
    monstruosidades a cada dia.

    Alegrias plenas para ti.

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  8. Querida amiga Camila

    Hoje estou passando para agradecer
    a sua amizade.
    Amizade que torna a vida preciosa.
    Que enche de cores as minhas palavras.
    Que me faz ainda mais feliz,
    com o afeto distribuído
    a cada visita,
    a cada comentário
    e a cada palavra escrita
    no livro dos meus dias.

    Sua amizade me faz melhor.

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