
Na nossa sociedade capenga, que se preocupa demais com o prazer instantâneo em detrimento da humanidade, há uma preocupação demasiada em não se ferir, levando a um hermetismo emocional. Não se sente o problema do outro, não há interesse em romper a bolha que rodeia a vida de muitos.
Comprando alternativismo na Renner, consciência ambiental com uma Coca-Cola e mantendo relações virtualmente, estamos protegidos. Para que se expor a mais que isso, saindo do perímetro seguro? As ruas são perigosas, os ônibus estão lotados de marginais e não devemos falar com estranhos. Pode ser uma realidade exagerada, orwelliana até, mas é necessário que nos precavamos para não chegarmos até tamanho absurdo.
Recordo-me de uma música dos Titãs que diz: As flores de plástico não morrem. Visto cruamente, seria uma grande vantagem possuí-las, já que somos fascinados pela imortalidade. Devo lembrar, no entanto, que as flores de plástico são artificiais e sem brilho próprio. Qualquer semelhança com muitas pessoas atuais não é mera coincidência.