Estava procurando um pretexto para escrever sobre o assunto, quando minha irmã pequena e meu primo me disseram que eu sabia tudo, afinal, terminara o 3º ano. Inocências infantis à parte - já que eles não têm noção do que lhes aguarda -, a afirmação serviu para lembrar quanta inutilidade ganhei no ano passado.
Deixando de lado a parte afetiva, que se desenvolveu imensamente no calor das emoções, posso contar nos dedos o conhecimento adquirido nesse finalzinho de escola. Até consegui entender melhor algumas situações, embora que a maioria seja as que merecem combate cotidiano.
Compreendi como é fácil crescer e ir-se acomodando. A receita é simples: chega-se à casa esgotado ou esgotada de tantas atribuições e a única coisa que se deseja é uma cama e uma televisão, nada que exija reflexão. Como trabalha-se para possuir confortos que nem são utilizados, pois não dá tempo, entra-se no ciclo trabalhar-para-descansar, que parece começar antes, no se-matar-para-passar. E, a partir daí, vem o status, os parabéns, o primeiro emprego e as obrigações pequeno-burguesas. Como diz um entrevistado em um documentário ao qual acabei de assistir - Surplus -, protestar e tentar mudar algo não é sem sentido. Sem sentido é ficar sentado, usando drogas, assistindo a MTV, arranjar um emprego e se submeter. Isto é violência.
Apesar de não ter dividido as questões que as crianças me trouxeram com elas, percebi que, ao contrário do que imaginam, não devo saber muito mais que antes, pois é complicado desenvolver a mente ao privar-se de excelentes leituras e filmes durante o ano. Vai ver que é este o objetivo: atrofiamos tanto que esquecemos até nossas convicções, perpetuando o mundo de sempre, deixando os sonhos em vidas passadas.
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Camila
ResponderExcluirVocê resumiu bem este conjunto de pensamentos.
Há uma música do Titãs que diz:
"Caras como eu estão ficando raros..."
Sabendo como tudo ocorre é evitar que o sistema tome de conta da vida.
Esteja sempre do lado dos sonhos.
"Quando se é jovem é normal querer mudar o mundo; depois se criar juízo". Não sei se reproduzi exatamente igual, mas é assim aquele velho ditado...
ResponderExcluirFelizmente, conheço gente que insiste em não criar juízo (meu pai, aos 58 anos, é um exemplo). Mas o que me preocupa são jovens "ajuizados", cada vez mais cedo... Eu, definitivamente, não consigo me imaginar vivendo desse jeito: vejo muitos amigos da mesma idade que eu "se acomodando", e tenho cada vez mais certeza de que não quero ser igual a eles.