
Turistas (a maioria dos transeuntes do local), por toda a aura de novidade e deslumbramento, costumam ser mais generosos que o normal. No entanto, notei que as pessoas passavam pelo pedinte na porta do templo sem nem exergá-lo, porque ver é diferente de enxergar. Acabavam indo diretamente à fonte dos desejos para satisfazer mais uma necessidade particular.
Pareceu-me um retrato do individualismo da nossa sociedade. "As pessoas na sala de jantar são ocupadas em nascer e morrer", não importando que se assuma papel de agente no mundo. Entre o nascer e o morrer, pode haver a preocupação com a "moral" (que fica mais imoral a cada dia), com os bons costumes (seja lá o que isto significa), com o casamento bonitinho e com a família convencional, vivendo das aparências e sem diálogo.
Se os conflitos aparecem, vai-se ao psicólogo ou procura-se a cultura do zen para resolvê-los, é mais fácil que administrá-los e canalizá-los para atividades em prol de um bem maior. Não faço uma apologia à completa confusão mental, pois esta também não é saudável, mas questionamentos sobre os rumos que a vida e o mundo estão tomando são sempre necessários.