quinta-feira, 23 de julho de 2009

Ode à alienação

Uma breve leitura do jornal de hoje causou-me mais inquietação que o normal e, desta vez, não foi por causa da violência ou dos escândalos no Senado. Foi por causa dos programas disponíveis para os jovens nesta semana, que me deixaram preocupada.
De um lado, o endeusamento do Fortal. Duas pessoas falando das maravilhas do evento, como a possibilidade de fazer tudo que, certamente, estava ligado a todo tipo de bebedeira, desvalorização do corpo e música ruim que se possa imaginar. Eles faltavam dizer que iriam descer de seu pedestal, o camarote, para misturarem-se com o povão, os que seguem o trio elétrico no chão. Devo ressaltar que estes nada têm de povão, haja vista que os preços não são nada acessíveis. Tudo o que um evento poderia ter de melhor, portanto: Elitismo e música ruim.
A outra opção é o Halleluya, evento da ala carismática da Igreja Católica. As pessoas vão curtir o "axé de Deus" e as mesmas coisas que teriam no Fortal, a diferença é que sem bebida e com letras diferentes. Não sei até que ponto o evento é menos elitista.
O que questiono, entretanto, não é a animação por ela mesma. O problema é que falta que a religião seja voltada para a transformação da realidade e igualdade social, pois o que acontece é um aumento do individualismo, já que se reza por si e pelo semelhante, mas não se age para que a situação dele melhore. Como li em algum Evangelho que me falta o nome, se um faminto bate na sua casa e você não dá um prato de comida a ele, mas diz que rezará para que ele o arranje, não fez nada.
Como uma terceira opção, meio às escondidas, há um evento no Mercado dos Pinhões com direito a rememoração do Massafeira Livre. Uma pena que seja desprezado e as multidões prefiram ficarem reféns da cultura feita para elas (e para mantê-las sob controle).

2 comentários:

  1. O que eu mais temo nessa época não é o aquecimento global, o capitalismo selvagem ou o Irã. Eu temo o homem. Nunca fomos tão alienados, individualistas, ignorantes. Os jovens, aquela chama mítica que tanto assustava os grandes e acalentava os pequenos, são os mais incapacitados e manipulados. Vejo as pessoas ao meu lado, reconheço muitas boas, inteligentes e únicas, mas que batalham para se tornarem iguais, sem pensamentos, desinteressantes. Não sei se foi o capitalismo, a comodidade, a até então calma economia, ou a própria tendência humana... Na condição de deísta, não peço por um messias ou por alguma ajuda divina, peço algo que abra os nossos olhos, para que vejamos além de nós mesmos. Uma crise, uma guerra, um grupo. Algo. Pois sem nós mesmos não há esperança.

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  2. Não podemos generalizar a ponto de afirmar que todos que estão no Fortal são alienados, todos que vão ao Halleluya são alienados. Na minha visão a questão não é essa.
    Acho que a força que cada um possui para enfrentar e tentar mudar o mundo independe dessas coisas. Há gostos e gostos. Ivete é ruim? Massafera é bom?
    Nesse mundo em nós vivemos hoje a imagem pesa muito. Pode haver hipocrisia tanto de quem vai ao Fortal para se passar, quanto de quem também vai ao Massafera para se passar.
    Enfim, para um mundo melhor também vejo a necessidade de maior tolerância. Ao invés de taxar o que é música boa ou ruim, podemos todos nos unir entorno de um piquenique para ouvir o som dos pássaros. Penso que este é agradável a todos. Vamos pensar nisso?

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