sábado, 18 de julho de 2009

Quando dou comida a um pobre...

Fui ao cinema, no centro, com duas amigas e, na fila, tivemos uma surpresa assustadora. Conversávamos distraidamente quando alguém passou vendendo chiclete. A nossa surpresa veio quando vimos que a "vendedora" tinha menos de um metro e 4 anos.
O abandono da criança despertou em mim, que não pretendo ter filhos, os instintos mais maternais. Fiquei com vontade de criá-la. "Os pais devem ser safados, colocam-na para trabalhar e ficam parados", foi a primeira idéia que veio à minha mente. Enquanto esperávamos para comprar uma pipoca para ela, a garotinha relatou que a mãe estava trabalhando e o pai engraxando sapatos.
Não sei o que me revolta mais, se é quando os pais não trabalham ou quando trabalham desumanamente e não recebem o suficiente para sobreviver. São situações que não consigo encarar com naturalidade, muito menos dar uma esmola e achar que meu dever está cumprido. Lembro-me de D. Hélder Câmara, que diz que o chamam de santo quando ele dá um prato de comida a um pobre, mas o acusam de comunista se questionar as causas da pobreza.
Outra questão veio à tona depois: para quem recorrer em um caso destes? Se ligarmos para um abrigo, a criança fica abandonada e, se duvidar, passando fome. Não existindo um órgão competente para responder por isso, alguns desanimam e preferem deixar tudo como está. Lembro, agora, de um trecho de um filme que diz que estamos vivendo tempos difíceis e, justamente por isto, os mais emocionantes que poderíamos viver. Que nos recusemos a viver sem emoção, se isto significa agir na transformação do mundo!

3 comentários:

  1. adorei. me senti no texto. kkkk
    mas, enfim, testamento de papai sabóia também caberia aqui, não é verdade?

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  2. É de partir o coração essas coisas que nos deparamos no cotidiano.
    Mas tu não acha que o mundo está em um constante progresso, apesar de lento, afinal ja houve tempos bem piores. - claro, sem querer justificar essas cenas desumanas.

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  3. Não sei ao certo onde nos perdemos como pessoas.
    Eu que estou mais velho fico triste com o país que deixo para os meus filhos. Gente vazia, egoísta, fria.
    Hoje vendo jovens recebendo seus kits fortal, e desfilando um rosário de bobagens em entrevistas na TV, fiquei a me perguntar, aonde chegaremos?
    Não haveria fome se fossemos mais humanos.

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