quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

All WE need is love!


Então - quase - é Natal, não sei se uma festa tão cristã assim. O que vejo é a cidade enlouquecendo por causa das compras. As filas das lojas são intermináveis e a lista de preparativos materiais é imensa. Assim, dá até para esquecer-se de renovar e confirmar valores, talvez o mais importante a ser feito na data.
Os paraísos do consumo, também conhecidos por shoppings, ficam lotados de pessoas - apesar de eu não saber até que ponto esses seres ainda podem ser chamados assim - e as crianças piram para conseguir uma foto com o Papai Noel, que acabou substituindo o aniversariante, pois, muitas vezes, só o bom velhinho é convidado para a festa.
Estava na fila de uma dessas lojas e comecei a notar como o espírito natalino toma conta das pessoas: umas senhoras viram algumas revistas de fofoca e, quase que automaticamente, começaram a falar mal da estrela da capa. Bem em acordo com os ensinamentos do sistema, já que, para ele, basta presentear os conhecidos e familiares que o Natal está feito, ainda que o individualismo costumeiro permaneça. Para a consciência ficar mais tranquila, pode-se dar uns trocados ao pedinte esfomeado.
É claro que é agradável ser presenteado, mas o ato mecânico tira toda a beleza do gesto, pois se dá um presente a alguém por ter-se lembrado dele ao ver o objeto, não porque é tradição. Ao invés disso, o tempo gasto no consumo deveria ser utilizado para reflexão e revisão das ações, pois, por mais religioso que se seja, é inegável que a humanidade clama pela intervenção dos indivíduos, e amar - de fato - uns aos outros é imprescindível para a construção de uma sociedade justa.
Um feliz Natal, sem ho-ho-ho.

2 comentários:

  1. o capitalismo, aparentemente uma entidade que, de tanto crescer, desvinculou-se de nós e existe apenas para se manter existindo, transformou boa parte das ideias e feitos da humanidade em produto. A ciência, por exemplo, que já foi uma ode ao conhecimento e a beleza do saber no final do século XIX, hoje existe apenas para proporcionar conforto e vendas. São raros os cientistas que dizem fazer uma pesquisa simplesmente por curiosidade: há sempre uma causa, um objetivo e um gordo de charuto por trás. O natal como o conhecemos, ainda que originado do capital, tinha tudo para ser uma festa de amor, de reflexão, de compensar a família pelo individualismo cretino e de ter alguma fé para aqueles que ainda se lembram de Jesus (se bem que, honestamente, eu acho o velho Noel muito mais simpático). Mas é mais prático comprar, manter o hábito, não mudar, cantar jingle bells porque os outros cantam e não porque há uma possibilidade de o mundo melhorar. Certas tradições são as desculpas dos tolos para continuarem sendo tolos, nada mais. Feliz natal.

    ResponderExcluir
  2. Querida amiga Camila.

    Terminado o ano, termina a relação professor aluno, e começa a relação amigo amiga.
    Esta é mais difícil de ser construída, pois traz em si a liberdade para ser edificada, e as cores desta liberdade. Depende da vontade de cada um para crescer. Em tempos de cultura descartável penso ser um bom exercício de esperança na vida.

    Obrigado por cada palavra dividida em 2009. Pelas visitas ao blog e pelas lembranças diárias na vida.

    Que neste ano de 2010, você possa ser o melhor presente na vida de alguém, dividindo o encanto da vida na construção do belo, do bem, do melhor do mundo.

    ResponderExcluir