sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Memórias de uma tragédia anunciada



Achei, nos últimos dias, a edição do debate de 89, entre Collor e Lula, e também a versão completa, a qual ainda não assisti toda. Porém, se teve algo que pude constatar, foi quanto empenho houve para favorecer o "caçador de marajás".
A manipulação começa na primeira pergunta, na qual a Globo não deixa Lula dar nem "boa noite", enquanto Collor, na sua postura demagógica, coloca logo a família cristã na sua fala, incorporando o "homem de bem" ao seu discurso, um dos seres que mais temo. Justifico: tenho a impressão de que, em nome da proteção - eufemismo para individualismo -, ele é capaz de apoiar um golpe. Ou será que o golpe militar só teve suporte nos quartéis?
Mais adiante, Collor solta absurdos sobre o adversário, do tipo o PT ser nazista e pretender colocar pessoas desconhecidas dentro da sua casa. Antes, no entanto, acusara o então sindicalista de marxista, caindo em contradição. De fato, posição ideológica nunca foi o forte no Brasil... Não vou comentar mais nada, porque tira a graça. O interessante é ir assistindo e vendo como um debate pode virar piada. Uma piada que custou muito caro ao país.
O que me deixou mais perplexa, entretanto, foi como a população foi enganada com facilidade. Tudo bem que a edição tem sua parcela de culpa, mas se não fosse tão simples manipular a opinião pública, o resultado o pleito poderia ter sido outro. Só que, como já dizia Brecht, o pior analfabeto é o analfabeto político. E deles, estamos cheios.

Um comentário:

  1. Penso que a culpa não é de todo da população, mas deste sistema perverso em que vivemos, que nos tira a capacidade de pensar.
    Novelas, programas policiais, livros e filmes sem sentido, educação de baixo nível,etc.
    Tudo isso produz uma população sem uma sólida base intelectual para entender e transformar a sua realidade.

    Mas é bom ver que embora lentamente, há os que apear de tudo não desistem.

    Sonhos sempre para ti.

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